quinta-feira, 20 de maio de 2010

Espelho...


Certo dia ela foi embora de seu trabalho e parecia que seus passos se faziam no ar.
Não porque estava leve, mas porque parecia estar fora de si .

Olhava para os homens na rua e ninguém possuía face, rosto, ou algo parecido. Seu olhar estava perdido em algo que não sabia se explicar. Havia o receio de dirigir já que nada possuía uma forma definida.

Havia também o desejo de voltar em si, e não somente isto, um desejo maior de sair ainda mais de si. Ela procurou algum ouvinte, torceu para encontrar alguém na rua, tentou prosa forçada com a manicure ou o rapaz do posto de gasolina. Tudo inútil. As pessoas não entendiam o que ela queria, ou o que ela precisava ouvir.

Em seu carro vagou pela cidade, ascendeu o cigarro, ouviu a música mais pesada que havia em seus CDs. Todas as pessoas pareciam ter seu rumo e o fim da estrada dela parecia sempre tão distante. Tentou fingir algum direcionamento, para qualquer lugar, mas voltou para casa.

O barulho das famílias a incomoda, ela sente falta da sua. Sente falta das crianças, dos sorrisos e até do latido dos cachorros. Pessoas entram e saem e lhe sorriem como se soubessem do vazio existente quando a porta se fecha. Porém por outro lado, outro mundo se abre e outras expectativas se revelam.
Um mundo em que ela se olha e se critica, se acha feia, depois se acha bonita. Um mundo onde ela pode sair dançando e cantando pela casa que ninguém vai ouvir. Aonde ela pode falar sozinha, dar risada sozinha. Chorar com a coisa mais insensível que viu na televisão.
E então ela é ela. E com ela vive suas loucuras, aquelas que só se pode ter você mesmo como companhia. E quando ela quer sair de si, se refugia nos artefatos que a fazem se sentir mais leve e mais aberta ao mundo.


Ela sai pra dançar sim, ela sai para ouvir música e conversar até os olhos se cansarem. E bebe seu vinho para se esquecer...Esquecer do que ela nem sabe ao certo o que é, mas sabe que existe e é persistente.
Ao voltar da prosa do vinho, ela vai embora sozinha, mas canta com a música do carro e se sente feliz ao chegar em casa.
E quando ela chega em casa, se olha no espelho e diz pra si mesma “que bom estar na minha casa...”.
Então aí ela descobriu que já caminha sozinha, que constrói agora sim, o seu caminho, no mundo. E que a casa de seus pais, já não é mais a sua casa. Seu lar. E o único desejo que prende a garganta, é o de viver!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Texto sobre dois...


Ola!!!
Pensei que fosse escrever com mais freqüência, mas estou um tanto quanto devagar, talvez porque meus dias estão sendo BEM estranhos ultimamente, parece um misto de extrema alegria com extrema tristeza, chateação...não sei explicar, em resumo, estranho acho que é a melhor palavra.

Como é bom ter amigos não é?? Sempre aprendo muito com eles, adoro poder ser eu mesma de coração, alma e piadas sem graça hehe São tantas historias, tanto tempo que passou....que passa, ou que você tem certeza que passará. Este fim de semana pessoas muito especiais para mim fizeram aniversário e deixo aqui registrado um enorme beijo cheio de carinho!

Sabe, relacionamentos são complicados né?
Aqueles pensamentos que sempre passam pela nossa cabeça....será que estou certa, será que é isso? Acho que sempreeee vão existir.
Posso dizer que hoje em dia encaro esse assunto completamente diferente do que ha alguns anos atrás. Digo isso porque o tempo vai passando e não digo que minhas prioridades mudaram não, digo que hoje as enxergo, e sinceramente, são muito mais simples do que eu imaginava!
E sendo mais simples, simples = naturais, agente acaba ficando um pouco mais exigente, por que não quero ninguém para me completar. Que negocio é esse de metade? Eu quero ser inteira e inteira me entregar para alguém e claro, receber alguém inteiro de volta.
Isso inclui defeitos viu?!
Tento não esconder mais.
Mesmo porque agente sabe que eles aparecem e isso eu nem precisava escrever aqui.
Antigamente para mim todos possuíam algum defeito, um criança demais, outro calmo demais, outro porque não gostava de música, outro porque ouvia música ruim, outro porque fazia tudo o que eu queria, outro porque não fazia nada do que eu queria, outro porque era um velho chato, outro porque é moleque e por ai vai......calma que cada adjetivo desse não é uma pessoa e sim atitudes.
E hoje posso dizer que busco alguém para me divertir. Me divertir no sentido de aproveitar os momentos bons da vida, com alguém que saiba me fazer rir, com alguém que saiba me escutar e principalmente alguém com quem eu possa ser eu mesma, falar o que eu penso e poder fazer todas as minhas piadas e foras sem graças que quem me conhece sabe que são involuntários hehe
Acho que temos obrigações chatíssimas na vida, como trabalhar, administrar seu dinheiro, pagar impostos, plano de saúde blábláblá.... Acredito que esse alguém para me divertir faria essas coisas chatas valerem a pena.
Sou uma apaixonada, quando eu amo,eu amo mesmo!
Mas hoje em dia preciso de muito mais =)
Espero estar no caminho certo....

Alias sobre todo esse assunto aqui, eu li um texto muito legal do Flávio Gikovate, um amigo querido que me mostrou, quem tiver paciência leia:

"Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor. O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar. A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal. A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente. Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem. O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade.. Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não à partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um. O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação,há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo..."

terça-feira, 11 de maio de 2010

Minha primeira vez...


Olá, para quem for ler...ainda estou relutante com isto aqui.
Não se assustem com o título, não vou contar minha primeira vez rsrs

Estou confusa ainda, com a dúvida de ou fazer um blog sobre coisas que gosto de pensar e compartilhar (nem sempre importantes) ou um blog sobre futilidades que, assumidamente, em tempos, me atraem.

É estranho escrever e saber que vai ser lida.
É exposição, cara lavada a críticas e preconceitos, que se danem!
Moro sozinha, alias, eu e minha gata, Malu, sinto falta de falar, escrever...das pessoas, do barulho de uma casa cheia de gente...
Nem sempre agente consegue entender a solidão...
É uma palavra tão dita, tão cantada, tão comum...que quando agente fala "eu me sinto sozinha" as pessoas não entendem o tamanho disso.
Disseram-me que a solidão deve ser um deserto produtivo, onde agente se encontra consigo mesmo e descobre quem realmente somos, hum...complicado isso, essa idéia de descobrir quem eu sou me assusta. Não porque me ache uma louca sem salvação, mas porque se encontrar consigo mesmo é olhar para as suas dores e isso sim me repele.

Talvez a solidão seja algo ilusório, que as vezes parece tão real, pois, talvez, não se exista a separação efetiva de nada. Engraçado o silêncio incomodar, por vezes tão desejado.
Começo a questionar se esta solidão vivenciada no momento é produtiva como me disseram....começo a pensar se realmente me encontrar comigo mesmo é o que eu quero, ou se para isso eu preciso estar sozinha.
Acredito que estar só é a condição humana de todo mundo...sabe aquela história, vim só, vou só....clichê? Talvez, mas eu concordo... Talvez um grande amor amenize essa historia de vir só para todos nós.
A música é uma boa companhia, alias pra mim talvez a melhor de todas entre outras companhias.

Bom para o primeiro post acho que viajei demais, talvez até apague toda essa besteira...
Mas deixa ir, por enquanto a solidão me espera no quarto, na sala, na cozinha...
E vou parar de falar dela...se não ela se acha...=)